Gerês ou o desafio da vida (quase) selvagem

Dia 6. Se na véspera haviamos chegado ao Gerês com sol e céu limpo, o nosso sexto dia de férias acordou cinzento, apontando a previsão para uma tarde e noite de chuva. Tal não seria especialmente relevante se não tivessemos trocado o conforto dos hotéis por uma tenda de dois por dois metros quadrados, num parque a seiscentos e quarenta metros de altura, com a temperatura a roçar os oito graus centígrados durante a noite. No dia seguinte, tivemos que mudar a tenda do sítio onde a montaramos na véspera, já que aquele era propenso a inundações, e vimo-nos forçados a ir comprar roupa e sacos-cama quentes. Afinal, ninguém espera uma temperatura dessas em pleno mês de Agosto. A partir das seis da tarde, começou a chover. Torrencialmente. Para primeira noite de campismo da Catarina, foi uma experiência ambígua. Boa porque é excitante adormecer ao som da chuva, a pensar se a tenda aguentará ou não, má porque não é nada agradável andar em campo, ir à casa de banho, lavar a loiça com tudo molhado... bem, o que é certo é que ponderámos seriamente vir embora no dia seguinte, caso o tempo não melhorasse. Teria sido uma pena, porque queriamos mesmo que a Cat experimentasse passar uns dias a viver sem os confortos a que está habituada. 

Felizmente, o tempo deu-nos uma trégua no nosso sétimo dia de férias. Pudemos finalmente explorar o parque e sair para passear.


Se ignorarmos os campistas que levam a casa atrás (sim, vimos tendas com televisão, edredões com folhos, cafeteiras eléctricas e outras preciosidades do género), assassinando completamente a lógica inerente a acampar, o parque é muito bonito, bem integrado na natureza circundante, limpo, organizado, um bom quartel-general para explorar o Gerês.


No dia em que chegámos, fomos para Campos do Gerês pelo caminho mais difícil: a estrada da Fraga Negra. Apesar de alcatroada, a Fraga é muito estreita e no dia em que chegámos e por ela subimos fiquei quase enlouquecida com vertigens. Mas o bicho da fotografia é mais forte e, assim que saí de lá fiquei a pensar nas belas fotografias que conseguiria tirar naquele caminho, se me enchesse de coragem e conseguisse afastar o medo irracional das alturas. Assim, mal o tempo melhorou, voltámos à estrada e, é claro, não me arrependi nem um bocadinho... para além de que, parece-me, se olhar pela lente da máquina, perco as vertigens. Como o post já vai longo, vou deixar as imagens falarem por si, sem muitas mais delongas.

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