Ria de Aveiro ou uma lenta tarde de Domingo

Saídos da praia de São Jacinto, seguimos caminho pela língua de terra que separa o mar da ria. Era Domingo no mundo e aqui, neste pedaço de Portugal, todos aproveitavam as últimas horas do fim-de-semana para descansar, tomar um último banho, pescar o jantar ou passear de barco. Viam-se famílias inteiras reunidas, no que poderá ser um encontro ocasional ou um ritual semanal. Alguns ficariam para o jantar, como nos davam a entender os grelhadores à beira da estrada, outros arrumavam já o vasto arsenal que os acompanhou neste passeio domingueiro, com geleiras e panelas e tachos e toalhas e tudo para reproduzir à beira da estrada o conforto da mesa lá de casa. Os homens no seu bigode, que parece resistir estoicamente aos ditames da moda, as mulheres nas suas eternas batas de trazer por casa e com o ar cansado de quem tem que tratar de quase tudo sem ajuda, as raparigas e os rapazes a trocar os olhares furtivos próprios da idade e as crianças a brincar livres, longe dos perigos e das recomendações que as encarceram na cidade e as restringem às suas vidas de televisão e consolas.    


A ria, quase mar, a tudo assiste, na sua serenidade, oferecendo o fresco das suas águas e peixe que ali habita a quem o quiser apanhar.


 E estas águas acolhem também as bateiras e os barcos moliceiros, que repousam no cais preparando-se para os passeios turísticos do dia seguinte ou para as regatas que terão lugar no mês de Setembro.  


E com os olhos cheios das cores dos barcos, seguimos ria acima acompanhando o final do dia. O próximo destino seria o Bom Jesus de Braga, onde nos esperava uma tempestade épica...

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